Reprodução/TV Globo
Maria da Paz (Mirella Sabarense/ Juliana Paes) nasceu e cresceu na cidade fictícia de Rio Vermelho, no interior do Espírito Santo. Jovem humilde, ela vem de uma família de justiceiros profissionais, os Ramirez, e se apaixona por Amadeu (Marcos Palmeira), advogado formado em Vitória e membro da principal família rival nos negócios, os Matheus. Uma tragédia no dia do casamento os afasta e os faz acreditar que o outro está morto. A obra, dividida em um prólogo e duas fases, exalta o poder feminino por meio da trajetória de Maria e traz uma história contemporânea de amor com elementos de um dos maiores clássicos da literatura mundial: Romeu e Julieta, de William Shakespeare, sem perder de vista o humor, que passeia por toda a trama. “A Dona do Pedaço’ é uma novela que fala de coragem e esperança. Acredito que as pessoas podem subir na vida utilizando aquilo que já sabem, um dom, e a vontade de lutar e trabalhar. A novela fala da certeza de que todos podem encontrar seu lugar no mundo”, ressalta o autor Walcyr Carrasco.
Com passagem de tempo de cerca de duas décadas, a novela se desenvolve, em dias atuais, em São Paulo, onde Maria da Paz construiu fortuna com os bolos que aprendeu a fazer ainda criança, tornando-se uma bem-sucedida empresária no ramo da confeitaria. Mãe de Josiane (Agatha Moreira), uma jovem com caráter duvidoso, Maria ainda terá que enfrentar as armações da filha que teve da relação com Amadeu, sem imaginar que, na verdade, ela a despreza e só pensa em poder e dinheiro. Mas o reencontro com seu grande amor depois de todos esses anos pode dar novos contornos a esse melodrama clássico. “Essa é uma novela realista, que trata do cotidiano, com mensagens claras de otimismo, luta e esperança. Estou trabalhando com uma estética mais pop, com brilho e alegria, acompanhando a dramaturgia tão ampla que é característica de Walcyr”, conceitua a diretora artística Amora Mautner.
‘A Dona do Pedaço’ estreia na Globo no dia 20 de maio. A novela das 21h é escrita por Walcyr Carrasco, com Nelson Nadotti, Márcio Haiduck e Vinicius Vianna, direção artística de Amora Mautner, direção geral de Luciano Sabino e direção de André Barros, Bernardo Sá, Bruno Martins Moraes, Caetano Caruso e Vicente Kubrusly.
As famílias Ramirez e Matheus e o amor impossível
Em Rio Vermelho, ainda na década de 1990, duas famílias rivais de justiceiros disputam a hegemonia do negócio: os Ramirez e os Matheus.
Na primeira, Dulce (Fernanda Montenegro) é a matriarca. Viúva e responsável pelo clã, ela vive na mesma casa com seus filhos, noras, sobrinhos, netas e bisnetas. Seu filho Ademir (Genézio de Barros) é casado com Evelina (Nivea Maria) e tem duas filhas: Maria da Paz (Mirella Sabarense/ Juliana Paes) e Zenaide (Manu Fernandes/ Maeve Jinkings). Já Adão (César Ferrario), sobrinho de Ademir, é pai de Hélcio (Dionísio Neto) e casado com Berenice (Maria Sílvia Radonille). Eles adotam Junior (Bernardo Amil/ Guilherme Leicam) e ajudam a criar o agregado da família, Ricardo/ Chiclete (Luiz Felipe Mello/ Sergio Guizé). Também na casa vivem as filhas de Zenaide e Hélcio, Fabiana (Maria Clara Baldon/ Nathalia Dill) e Virgínia (Duda Batista/ Paolla Oliveira). Dulce é respeitada por todos e dá sempre a última palavra, a que normalmente prevalece frente a todos os parentes.
Os Ramirez criam as futuras gerações da família para assumirem o “ofício” dos mais velhos no ramo em que atuam. Maria, no entanto, desde muito pequena se destaca na cozinha ao lado da avó. Dulce percebe nela o dom de fazer bolos e a incentiva com afeto, dedicando todo o seu amor. A menina cresce apaixonada pelos doces e capricha nos sabores provocando os melhores prazeres em quem os consome.
Na família Matheus, a matriarca é Nilda (Jussara Freire), uma mulher dura, forte, capaz de tudo para proteger os seus. Mora com o marido Miroel (Luiz Carlos Vasconcelos), os filhos Ticiana (Áurea Maranhão), Vicente (Álamo Facó) e Amadeu (Marcos Palmeira), além do neto Rael (Luiz Eduardo Toledo/ Rafael Queiroz), filho de Ticiana.
Amadeu se diferencia dos demais membros da família porque teve a oportunidade de passar um tempo em Vitória, onde estudou Direito. Lá, se formou como advogado para que a família tivesse um profissional de confiança capaz de defendê-la diante das mortes provocadas, mas, ao voltar ao convívio de seus familiares, quer mostrar que a violência não é o caminho, muito menos o sustento.
Maria da Paz e Amadeu combinam no fato de serem avessos aos ideais de seus familiares. Não veem como opção de vida serem justiceiros. Querem convencê-los de que o amor é necessário e apostam nessa transformação quando, depois de um encontro inesperado, se apaixonam perdidamente um pelo outro.
Ao descobrirem suas origens nas primeiras conversas, pensam logo em fugir juntos por acreditarem que ali não será possível viver o amor que sentem, mas uma trégua ainda é possível arriscar.
Dispostos a enfrentar o ódio nutrido por suas famílias durante décadas, eles decidem contar tudo para seus respectivos parentes. Maria então pede uma reunião entre as duas famílias e sua avó Dulce (Fernanda Montenegro) a autoriza. O casamento, enfim, é consentido. Maria (Juliana Paes) e Amadeu (Marcos Palmeira) se entregam ao amor e o pacto é selado. É decretado o fim da violência.
No dia da cerimônia, a cidade comemora 100 dias sem mortes, mas o que parece ser a realização de um sonho se torna um pesadelo. Diante do altar e dos convidados, Amadeu é atingido por um tiro misterioso ao lado da noiva e o amor dos dois é interrompido.
Ameaçada de morte pela família do amado, Maria não consegue vê-lo no hospital e precisa fugir o quanto antes. Afinal, os Matheus querem vingar o atentado contra o herdeiro. Maria fica desolada, mas sabe que precisa ir embora. A jovem conta com o apoio da mãe Evelina (Nivea Maria) e do padre da cidade (Fernando Eiras) para viajar para São Paulo. Ele indica uma prima que pode acolhê-la por lá. Não há mais o que fazer ali, mas a certeza de que Amadeu vai sobreviver a fortalece.
Enquanto a viagem de Maria acontece, a família Matheus decide se vingar dos Ramirez atentando contra a vida das crianças Fabiana (Maria Clara Baldon/Nathalia Dill) e Virgínia (Duda Batista/ Paolla Oliveira), sobrinhas dela. Miroel (Luiz Carlos Vasconcelos) determina que Vicente (Álamo Facó) dê um fim nas meninas, mas, ao ficar diante delas, ele recua. Fabiana, a primeira a ser raptada, é deixada em um convento distante da cidade e Virgínia é separada da mãe, em Vitória, quando tentam fugir juntas para São Paulo. A garota fica perdida pelas ruas.
Amuleto dado por bisavó marca a trajetória de duas irmãs
Assim que é deixada no convento, Fabiana (Maria Clara Baldon/Nathalia Dill) é recebida pela Madre (Regina Sampaio) e não consegue passar informações sobre o paradeiro de sua família. Acolhida no local, passa a ser criada pelas freiras. Com o passar dos anos, mesmo como postulante – sem ter feito seus votos -, ela é quem cuida de toda a contabilidade do convento.
Virgínia (Duda Batista/ Paolla Oliveira), que, a princípio, caminhava para um destino mais trágico do que a irmã, teve mais sorte. Na fuga de Rio Vermelho para Vitória, é caçada de perto por Vicente (Álamo Facó), e, a pedido da própria mãe, Zenaide (Manu Fernandes/ Maeve Jinkings), que percebe o iminente risco de morte que elas estão correndo, sai em disparada. Sozinha e desamparada, Virgínia perambula pelas ruas de Vitória e é encontrada por Otávio (José de Abreu) e Beatriz (Natália do Vale), que estavam de passagem pela cidade por motivos de trabalho. Ele é sócio da construtora Habitex, em São Paulo, e pesquisa empreendimentos no local.
O casal não tem filhos porque Beatriz é estéril, mas quando se depara com a menina fica encantado e decide adotá-la. Ao longo do processo, eles não conseguem informações sobre o seu passado e a única referência que as duas irmãs carregam da família é um amuleto oferecido de presente pela bisavó Dulce (Fernanda Montenegro) no aniversário delas.
Após uma passagem de tempo, Fabiana (Nathalia Dill), ainda no convento, pede autorização da madre para assistir à TV. Coincidentemente, nessa hora, Virgínia (Paolla Oliveira) aparece em um programa de TV usando o amuleto idêntico ao dela. Fabiana decide, então, se mudar para São Paulo, para se aproximar da irmã, que, depois de ter sido adotada e criada por Otávio e Beatriz, tornou-se uma das influenciadoras digitais mais famosas do país. Mas essa aproximação não é motivada por uma inocente saudade, e sim por um misto de inveja e rancor.
Com uma aparente boa intenção, Fabiana consegue um emprego na construtora Habitex e logo dá um jeito de fazer amizade com a irmã, sem revelar sua verdadeira identidade. Virgínia é receptiva, nutre por ela um inconsciente afeto e não imagina que Fabiana tem uma verdadeira obsessão de conquistar a vida luxuosa que nunca teve.
A chegada de Maria da Paz a São Paulo
Também para fugir dos Matheus, Maria (Juliana Paes) se muda sozinha para São Paulo, mas não para de pensar em seu grande amor Amadeu (Marcos Palmeira) e na separação violenta provocada pelo ódio entre as duas famílias.
No bairro do Bixiga, é recebida pela prima do padre, Marlene (Suely Franco). Com uma vida simples, a professora aposentada promete ajudá-la a conseguir um trabalho.
Ao mesmo tempo em que Maria chega ao Bixiga, uma família de moradores de rua invade um imóvel vizinho que estava desocupado. Cornélia (Betty Faria), a matriarca, Chico (Tonico Pereira), seu marido, o filho Eusébio (Marco Nanini), a nora Dorotéia (Rosi Campos) e os netos Rock (Allexandre Colman/Caio Castro), Zé Hélio (Flávio Bisneto/ Bruno Bevan), Rarisson (Theo Almeida/ Glamour Garcia) e Sabrina (Alice Jardim/Carol Garcia), sobrinha de Dorotéia, que foi criada como filha dela, após serem despejados de um edifício, encontram a casa fechada e decidem se instalar por lá. O grupo, um tanto grande, folgado e engraçado, logo se aproxima de Maria e Marlene. Doroteia se torna uma grande amiga de Maria.
Para conseguir um emprego para a herdeira dos Ramirez, Marlene conta com o apoio de Linda (Rosamaria Murtinho), colega de profissão, para apresentar a jovem à família de Gladys (Nathalia Timberg). É neste momento que Maria conhece o filho dela, Régis (Reynaldo Gianecchini), um playboy de uma família tradicional, mas falida. Ela o reconhece das revistas de celebridades, mas não sabe que é Agno (Malvino Salvador), marido de Lyris (Deborah Evelyn), genro de Gladys, que sustenta os luxos do cunhado com o lucro da construtora de imóveis Habitex, da qual é sócio com Otávio (José de Abreu).
Empolgada com a oportunidade de começar a trabalhar e recomeçar a vida na cidade grande, Maria passa mal e, após realizar exames, descobre que está grávida de Amadeu (Marcos Palmeira). A notícia, apesar de deixá-la assustada, traz uma motivação maior para viver e buscar forças para superar os novos obstáculos. O fruto do seu grande amor cresce em seu ventre. Por isso, acaba não sendo contratada como empregada na casa de Gladys (Nathalia Timberg), que, ainda assim, junto da filha Lyris (Deborah Evelyn), lhe dá uma boa quantia em dinheiro para ajudá-la a criar o bebê.
Cientes de todo o potencial culinário de Maria, Marlene (Suely Franco), Dorotéia (Rosi Campos) e Eusébio (Marco Nanini) a incentivam a vender o maravilhoso bolo que a moça faz, sem maiores pretensões, pelas ruas de São Paulo para sustentar sua cria. Antero (Ary Fontoura), advogado e vizinho de Marlene, também é fundamental para fazer a iniciativa dar certo. Ele é quem empresta o carro para que Maria tenha agilidade nas vendas pela cidade.
É neste mesmo período que Maria (Juliana Paes) leva outro duro golpe. A notícia do sumiço das sobrinhas Fabiana (Maria Clara Baldon/Nathalia Dill) e Virgínia (Duda Batista/ Paolla Oliveira) a faz pensar em voltar para o Espírito Santo. Mas Marlene a convence de ficar e trabalhar. Maria aceita, mas promete para si mesma que vai encontrar as meninas assim que estiver financeiramente estabelecida.
O árduo trabalho da boleira não tarda a prosperar, assim como sua gravidez não para de evoluir. Com seis meses de gestação, ela não aguenta o tranco provocado pela notícia da “morte” de Amadeu (Marcos Palmeira), transmitida sem cerimônia por sua mãe. Maria sofre com um parto prematuro e nem imagina que Nilda (Jussara Freire) e Evelina (Nívea Maria) combinaram de mentir para os próprios filhos numa tentativa de salvá-los e de interromper o ciclo de ódio e matanças em torno de Matheus e Ramirez.
O nascimento antecipado de Josiane (Agatha Moreira) não abate Maria, que passa a usar seu dom como combustível para superar todo o sofrimento. Enquanto a filha segue internada na incubadora, ela consegue abrir, com a ajuda de Antero (Ary Fontoura) e Marlene (Suely Franco), sua primeira loja em uma garagem depois de vender muito bolo nas ruas da cidade.
A recuperação de Amadeu
Após levar o tiro no altar da igreja durante o próprio casamento, Amadeu (Marcos Palmeira) é levado às pressas para um hospital em Vitória e preocupa os familiares, pois corre risco de morte. Mas, depois de sobreviver à UTI, ele recebe alta e sai numa cadeira de rodas. Não é certo que volte a andar. Para ver o filho saudável, Nilda (Jussara Freire) monta um quarto com toda a estrutura hospitalar. Ela também contrata a fisioterapeuta Gilda (Heloísa Jorge) para acompanhar sua recuperação na casa de campo da família.
A fisioterapeuta estranha a ausência da noiva dele e Amadeu diz não saber de seu paradeiro, mas não esconde que Maria é o grande amor da sua vida e que ainda espera revê-la. Com uma grande dedicação, ela o ajuda a recuperar os movimentos das pernas. E os dois acabam desenvolvendo mutuamente uma relação de carinho. Passam-se cerca de seis meses, quando Nilda chega de Rio Vermelho, e, seguindo o combinado com Evelina (Nívea Maria), revela ao filho que Maria está morta. Amadeu, que já anda com ajuda de muletas, desmorona.
Mesmo sofrendo com o rompimento desse amor e, ainda fragilizado, ele decide se casar com Gilda. Depois de anos e para virar a página de história de tragédias familiares, Amadeu resolve ir morar em São Paulo, onde quer trabalhar como advogado. Da união com Gilda também nasce um fruto, Carlito (Joao Gabriel D’Aleluia).
20 anos depois
Tragédias e separações marcam a vida de Maria da Paz, mas ainda assim ela consegue prosperar. Sua força, seu talento, sua determinação e, principalmente, o amor são os motores dessa superação. Ela agora é dona de 22 lojas da rede de confeitaria “Bolos da Paz”. Apesar de ser bem-sucedida financeiramente, a empresária não esquece Amadeu (Marcos Palmeira). E o fruto desse amor, a filha Josiane (Agatha Moreira), é a razão de todas as suas conquistas.
Maria ama tanto a filha que não percebe as más intenções da jovem e o desprezo que ela nutre pela mãe, afinal, como uma boa vilã, não deixa transparecer nada. Além disso, despreza o próprio nome, odeia a forma como a mãe se comporta e se veste, e não aceita o fato de não ter livre acesso ao dinheiro da família.
O maior sonho de Josiane é tornar-se uma digital influencer de sucesso. Ela sabe que para isso precisa investir no negócio e ainda convencer a mãe de que vale a pena o investimento.
A família invasora
Com muito jogo de cintura, Cornélia (Betty Faria) consegue manter a família na casa vizinha à de Maria durante todos esses anos. Por causa da aposentadoria que recebe mensalmente, está sempre administrando a crise entre o filho Eusébio (Marco Nanini) e o marido Chico (Tonico Pereira). Todos brigam para ter direito à sua “fortuna”.
Enquanto isso, Maria oferece emprego para Zé Hélio (Bruno Bevan) na área de tecnologia da fábrica de bolos, afinal, ela ajuda sempre que pode. Já os demais netos de Cornélia seguem por caminhos diferentes. Rock (Caio Castro) passa a maior parte do tempo treinando boxe na academia, Rarisson (Theo Almeida/ Glamour Garcia) vai para outra cidade concluir a formação em Ciências Contábeis e Sabrina (Carol Garcia) mantém um trabalho noturno que não revela oficialmente para a família, mas deixa todos desconfiados.
A matriarca Dorotéia (Rosi Campos) sonha com o sucesso do filho Rock, pois sabe que ele pode trazer mais dinheiro para casa e, com sorte, virar um ídolo do esporte, assim como o personagem icônico que serviu de inspiração para batizá-lo ao nascer. Já Rarisson (Theo Almeida/ Glamour Garcia) passa muito tempo sem dar notícias para os pais, mas mantém contato com o irmão Zé Hélio (Bruno Bevan). Quando anuncia seu retorno, a família se prepara para recepcioná-lo. Rarisson chega sem ser percebido na rodoviária e logo se apresenta aos familiares como Britney (Glamour Garcia). Depois de anos estudando fora, conta que fez sua transição de gênero e agora se chama oficialmente Britney, inclusive nos documentos.
O encontro entre Virgínia e Josiane e o universo das digital influencers
Virgínia (Paolla Oliveira) se tornou a maior digital influencer do país, mais conhecida como Vivi Guedes, referência para muitos jovens que querem investir nessa área. Josiane é uma de suas fãs e não imagina que a jovem influenciadora é sua prima desaparecida. Para chegar perto dela, conta com a ajuda de Rock (Caio Castro), afinal, ele malha na mesma academia que Virgínia. Mas há uma condição: ele só promoverá o encontro entre elas se Josiane falar com Maria da Paz para patrocinar os treinos dele no boxe.
A relação entre Josiane e Rock é antiga. Por morarem em casa vizinhas, foram criados próximos. Josiane vê nele uma pessoa ambiciosa e usa o fato a seu favor para se dar bem.
Assim que conhece Vivi, Josiane recebe dela uma indicação fundamental para dar o pontapé inicial em sua carreira de it girl: Kim (Monica Iozzi). A consultora e agente da consagrada influencer é a responsável por uma revolução na vida de Josiane.
O reencontro de Maria e Amadeu
Duas décadas depois da tragédia que marcou sua vida, Amadeu resolve se mudar para São Paulo com a família. Já na cidade, Gilda (Heloísa Jorge) procura uma nova oportunidade de trabalho como corretora de imóveis. Com eles e o filho Carlito (João Gabriel D’Aleluia), também vive Silvia (Lucy Ramos), irmã de Gilda, que trabalha como professora de inglês. Um de seus alunos é Márcio (Anderson Di Rizzi), seu namorado e gerente da fábrica de Maria da Paz (Juliana Paes).
É através dele que Amadeu, durante uma conversa, começa a acreditar no impossível: sua Maria da Paz pode estar viva. Ao saber que Márcio trabalha em uma confeitaria e que a proprietária do estabelecimento tem o mesmo nome do seu grande amor, o advogado fica completamente desestabilizado. Em conversa com a própria mulher, é incentivado por ela a ir até a loja de bolos para acabar de vez com a dúvida. Gilda fica preocupada com o sentimento que o marido ainda nutre pela ex-noiva, mas sabe que a atitude dele é necessária para que possam viver em paz.
Ao chegar na loja, Amadeu escolhe o bolo de canela. Imediatamente ao provar um pedaço, é transportado para a primeira vez que comeu o bolo feito por Maria, quando ainda eram namorados. Não demora, ela chega à loja e o encontro é inevitável.
Os sócios na construtora Habitex
Otávio (José de Abreu) e Beatriz (Natália do Vale) mantêm um casamento de anos e moram com Linda (Rosamaria Murtinho), mãe de Beatriz. Ela sabe que o marido possui alguns casos extraconjugais, mas é incentivada pela mãe a não se separar. Ele, no entanto, faz jus à fama de pegador, mas tende a ouvir Virginia (Paolla Oliveira), quando ela percebe que as atitudes do pai estão extrapolando.
Edilene (Cynthia Senek) trabalha na casa deles, e junto do pai Cosme (Osvaldo Mil), motorista da família, tem uma rotina intensa de trabalho. A jovem parece ter uma certa ingenuidade, mas, no fundo, sabe que pode se dar bem com o patrão. Quando ela percebe o interesse dele, decide investir na relação, pois acredita que o casamento com Beatriz está realmente falido e ele precisa apenas de um incentivo para tomar a atitude de casar-se com ela.
Já Agno (Malvino Salvador), sócio e amigo de Otávio, mora com a mulher Lyris (Deborah Evelyn), a sogra Gladys (Nathalia Timberg), o cunhado Régis (Reynaldo Gianecchini) e a filha Cássia (Mel Maia). O casamento deles está em crise, pois o empresário só trabalha e Lyris vive reclamando de sua ausência na intimidade. Incomodada com o sofrimento da filha, Gladys insiste nas mais estapafúrdias dicas para ela recuperar seu relacionamento. Mas, ainda assim, Agno parece esconder um segredo.
A armação de Josiane
O tempo passou e Régis (Reynaldo Gianecchini) continua levando uma vida boa, sustentada por Agno (Malvino Salvador). Ele vive reclamando do cunhado, mas não consegue fazer muita coisa para deixar de bancar o playboy. Mesmo tentando segurar a grana, Agno sabe que a fortuna da família de Régis o ajudou no início dos negócios e agora precisa manter o padrão de vida dos parentes. Mas é o encontro com Josiane (Agatha Moreira) que muda por completo a vida de Régis.
Em um badalado evento, ele conhece Josiane. A sintonia é imediata. Ambos são tomados por desejo e ambição, se identificam no caráter e no sonho de ficarem cada vez mais ricos. Claro que ele não revela ser sustentado pelo cunhado, mas logo tornam-se cúmplices e estabelecem encontros rotineiros.
A sintonia e a ausência de limites éticos para conseguir o que querem unem Régis e Josiane numa armação inacreditável. A jovem sabe que a mãe ama Amadeu (Marcos Palmeira) e quando o reencontro deles acontece, ela se desespera com a possibilidade de seus pais ficarem juntos novamente. O desprezo pela origem humilde de Amadeu não é diferente do que ela nutre pela mãe. E, para acabar com qualquer chance de reaproximação dos dois, Josiane propõe a Régis que seduza e se case com Maria, pois só assim terão meios para tirar dela toda a fortuna que almejam. O bom vivant nem titubeia e aceita o “esforço”. Mas o destino pode mudar a trajetória dos planos questionáveis de Regis e Josiane.
Estética pop para contar a história de ‘A Dona do Pedaço’
Vem das artes plásticas, da fotografia e do cinema a inspiração para a diretora Amora Mautner e equipes de direção de arte e de cenografia, que têm Valdy Lopes, Alexandre Gomes, Anne Bourgeois e Claudiney Barino à frente, desenvolverem a estética de ’A Dona de Pedaço’. O prólogo, a primeira e a segunda fases da novela trazem referências conhecidas. “Os Irmãos Coen estão na junção das estampas e nas questões geométricas e florais. Assim como o (David) Lynch na intensidade de cores, nos enquadramentos dos carros e na maneira de ver as estradas. Tem muita coisa que é inspirada nas fontes de onde fomos bebendo, além de juntar com a nossa imaginação”, explica o diretor de arte Valdy Lopes.
A novela se inicia com um prólogo, na década de 1970. Ainda no primeiro capítulo, uma passagem de tempo de cerca de 20 anos situa a trama na primeira fase. No início da segunda semana da novela no ar, outros 20 anos se passam, e a novela chega a 2019. “Temos fases distintas e o desafio de diferenciá-las. Optamos por marcar, por exemplo, pelos carros, que são de época, assim como alguns utensílios de cozinha. Mas sem levantar uma bandeira tão datada de ‘estamos nos anos 1970, 1990 e nos 2000 atuais’. É uma passagem sutil. Mas as paletas vermelha e azul, dos Ramirez e dos Matheus, respectivamente, vão passar pela novela inteira”, conta Valdy.
A dualidade desses clãs protagonistas pode ser percebida através de marcações que envolvem antagonismos como quente x frio, estampado x liso. “É bem sutil. Os Matheus usam jeans escuro, marrom escuro e azul e os Ramirez, tons mais terrosos e vermelhos. Por isso, a casa deles tem o telhado vermelho, assim como as janelas são marcadas com a mesma cor. A Maria tem esse símbolo sanguíneo, vamos dizer assim. E uma coisa que unifica tudo isso é a paisagem dourada que a gente criou”, comenta Valdy.
No caso de Amadeu (Marcos Palmeira), o azul é que dá o tom no universo do personagem. “Os Matheus têm um universo mais seco do que o dos Ramirez. Maria da Paz ainda tem o calor do bolo e do fogo. A casa dele tem um marrom, um verde escuro, e a casa dela é vermelha com papel de parede de rosas vermelhas. E os objetos da casa dele são bem mais ‘secos’. A dela tem muito mais coisas, é bem mais humanizada”, compara Anne Bourgeois, que assina a cenografia da novela ao lado de Alexandre Gomes e Claudiney Barino.
As gravações da novela começaram em locações no Rio Grande do Sul, mais exatamente nas cidades de Jaguarão, Nova Esperança do Sul e São Gabriel, onde a equipe e o elenco passaram cerca de 30 dias. Lá foram gravadas as principais cenas dos sítios dos Ramirez e dos Matheus, alguns conflitos entre as famílias, os primeiros encontros de Maria da Paz e Amadeu e parte do casamento, onde acontece a tragédia. No Rio Grande do Sul, a equipe concentrou esforços em três universos: as duas fazendas das famílias e a igreja. A opção de gravar no Sul foi feita por apresentar um cenário sem relevo, um horizonte linear e céu absoluto para contar a história dessas duas famílias que vivem isoladas, na cidade fictícia de Rio Vermelho. ”Fiquei bem surpreso com essas cidades. Sou arquiteto e fiquei encantado. Essa amplitude da paisagem, com uma possibilidade infinita, céu baixo…E tem silêncio quando você se desloca de uma casa para outra, então a novela começa com um respiro. A fotografia está trabalhando esses enquadramentos”, detalha Valdy.
Ainda nas locações do Sul, incontáveis quilômetros quadrados do set foram cobertos de feno para imprimir uma paisagem árida. Esses fenos também foram trazidos para o Rio de Janeiro por conta da continuidade das cenas nos estúdios. “Recorremos aos fenos porque o verde para a gente não era o ideal. E o cenário ganhou também uma enorme e frondosa árvore cenográfica, produzida especialmente para novela, em frente à casa dos Ramirez. Essa árvore é um ícone dentro da trama”, diz Valdy.
A decoração das casas das famílias também recebeu um tratamento especial das equipes de direção de arte e de cenografia. Para ganhar um aspecto de envelhecidas, no caso da primeira fase, elas foram revestidas internamente com papel de parede. Foram colocadas luzes fluorescentes tanto dentro quanto fora, nas fachadas das residências. “A novela é toda pop, então há muitas lâmpadas de neon. Na primeira fase, você pensa numa relação antiga das coisas e dos objetos. Ela é moderna em um sentido maior, de combinação de estampas, texturas e luzes”, define Valdy.
Quando chega à segunda fase, em São Paulo, a novela mantém a estética pop através de intervenções pontuais em locações-chave. “O apartamento da Maria da Paz, em São Paulo, tem um vermelho muito presente. A encomenda é que a gente faça um melodrama pop, por isso também decidimos trabalhar com muita estampa e alguns exageros”, garante Anne Bourgeois.
A primeira casa que Maria da Paz (Juliana Paes) adquire com o dinheiro de seu trabalho entrega muito de sua personalidade. Já a segunda residência, para onde ela se muda por influência de Régis (Reynaldo Gianecchini) e Josiane (Agatha Moreira), é um verdadeiro palacete, com o qual não se identifica. “A primeira casa é exuberante como ela. É um apartamento amplo, com uma foto dela imensa na parede, peças de decoração de animais, detalhes em dourado. Não é um estilo kitsch, é over mesmo. Mas tem a cara dela, foi feita de acordo com o gosto dela, são as coisas que ela comprou”, explica Anne, para, em seguida, conceituar a outra morada da protagonista: “A mansão é decorada por um arquiteto. E, ao chegar, Maria não sabe se relacionar com aquilo tudo. Fica catatônica com o sofá caríssimo. Não entende aquele minimalismo, sequer sabe usar as louças e os acessórios do banheiro”.
Ainda para contar a história de ‘A Dona do Pedaço’, duas cidades cenográficas foram erguidas nos Estúdios da Globo e vão reproduzir os tradicionais bairros paulistanos do Bixiga e dos Jardins. Por lá, ficam as fachadas das casas de Antero (Ary Fontoura), Marlene (Suely Franco) e Dorotéia (Rosi Campos), além de shopping, academia, restaurantes e da fábrica de bolos, que vai funcionar a pleno vapor. Dentro dela, no mezanino, fica o escritório de Maria da Paz, com uma visão geral de todo o processo de produção de seus bolos. Serão 4600m² só na parte do Bixiga e mais 3800 m² nos Jardins. “A fábrica se destaca porque é o maior prédio das cidades cenográficas, é meio asséptica, com cores mais claras”, explica Barino.
Muitas influências, tendências e estilos para contar a história de ‘A Dona do Pedaço’
Assim como na cenografia e na direção de arte, muitas referências do cinema ajudaram a apontar boa parte dos nortes para onde as equipes de caracterização e de figurino deveriam remar. A indumentária de ‘A Dona do Pedaço’ acompanha a estética desenvolvida para os espaços cênicos, de acordo com as respectivas fases. “A gente sai de um interior, passa pelos anos 90 e cai numa São Paulo de 2019. São figurinos distintos até desaguar no contemporâneo pop”, conta Claudia Kopke, que, junto de Sabrina Moreira, assina o figurino de ‘A Dona do Pedaço’.
Uma atmosfera que mistura referências dos Irmãos Coen, Quentin Tarantino e Wes Anderson habita a novela em suas diferentes etapas. E o vermelho da família Ramirez, que se deve à ascendência de Dulce (Fernanda Montenegro), e o azul dos Matheus transcendem todas elas. “A Dulce é descendente de ciganos espanhóis, que vieram de Granada, então, no prólogo, ela usa uns acessórios meio grandes, está com um colo mais aparente… A Maria da Paz (Juliana Paes), que, na primeira fase, usa quase nada de acessório, vai fazer uma conexão de olhar o brinco da avó e ter um encantamento. Então tem essa coisa meio cigana, meio passional dentro dela. A paleta de cor é toda nesses tons dos laranjas, avermelhados, vinhos”, comenta Claudia.
A forte sintonia entre as duas também é percebida quando Dulce assume um luto por conta da morte de um primeiro noivo da neta, antes de Amadeu (Marcos Palmeira). “Dona Fernanda, mesmo de preto, tem um figurino com diferentes texturas, tons, bordados. Sempre tem essa coisa mais passional, menos dura. E isso vem até no próprio cenário da casa dela. Os Ramirez têm uma janela com uma rendinha branca, na outra família tem poucos elementos na parede. Isso acaba ficando no subliminar, quase no inconsciente do público”, ressalta a figurinista.
A equipe também trabalhou a evolução do figurino com a passagem do tempo. A partir do momento em que toma as rédeas da própria vida em São Paulo, a referência para Maria da Paz tem muito das musas latinas, como Eva Mendes e Penélope Cruz, até chegar nas divas italianas Sofia Loren e Mônica Belucci. “A inspiração é nos anos 1950, pós-guerra. A mulher que fica sozinha por anos, com o marido na guerra. É uma mulher que quer parecer bonita e sensual e, ao mesmo tempo, tem o seu quê maternal, cuida da família, deixa os filhos prontos para receber o marido que está voltando. E ela tem muito essa relação com a filha Josiane (Agatha Moreira), com a casa. Faz bolo, dá comida, alimenta as pessoas. É um pouco esse imaginário”, define a figurinista Sabrina Moreira.
Mas, quando chega a 2019, entra no figurino da protagonista o pink, que também é quente. “Quando ela ganha dinheiro e passa a ter acesso às coisas, ela bota para fora toda essa latinidade. Primeiro, porque enriqueceu, segundo, porque está em São Paulo, uma cidade grande, não deve mais nada a ninguém e está fora do núcleo de justiceiros”, compara Claudia.
No contraponto dessa “quentura”, está o figurino dos Matheus. Por ser, dentro da história, a família que mata mais, sem propósito, seus integrantes vão se vestir com tons mais frios, lisos e com pouca estampa. E Amadeu começa a trama com uma leve pegada sertaneja, que é deixada para trás ao longo da novela. “O Amadeu tem uma pegada meio ‘Marlboro Man’, galãzão, por quem a Maria da Paz deve suspirar. Régis (Reynaldo Gianecchini) é meio um oposto, nesse sentido. Ele é um mauricinho-gato, com uma referência mais italiana, o cara que levaria ela para comer bem, conhecer o melhor da noite paulistana. E o outro mexe com os instintos dela. São dois pontos que a balançam”, pontua Sabrina.
Para a segunda fase de Amadeu, o figurino dele se atualiza sem perder a virilidade. “O nosso desafio foi fazer esse advogado não cair no cara de terno e gravata. Pensamos em algo com uma jaqueta jeans, uma camisa social, supermoderno. Porque, ao mesmo tempo, a filha Josiane (Agatha Moreira) tem vergonha dele. Então também não pode ser um cara hypado demais. A gente procurou um meio do caminho de forma que ele não perdesse esse sex appeal“, defende Claudia.
Outro look que merece atenção é o da it girl Vivi Guedes (Paolla Oliveira). Com um visual que tem o poder de influenciar toda uma geração, o figurino da personagem também faz jus à beleza de sua intérprete. “Vamos manter um perfil da mulher mais voluptuosa. Tem um quê de Kardashian, por ela assumir as curvas e o próprio corpo. Mas não estamos usando essa inspiração para as roupas dela. Vivi usa pouco acessório. É monocromática, apresenta uma silhueta mais seca, mas tem muito brilho, strass e roupas de látex. Aquela coisa justa, seca, limpa, mostrando as curvas”, explica Sabrina.
Ainda no núcleo das influenciadoras, Josiane (Agatha Moreira), antes de engrenar como influencer, não tem um estilo próprio. Só depois de contratar Kim (Monica Iozzi) é que vai ter seu visual completamente repaginado. “Vai fazer uma patricinha meio errada, meio fast fashion. Não vai ter o pulo do gato, é meio wanna be. É rica, mas não dita tendência. Ela compra a tendência. Ela é seguidora, a ideia é que ela vire uma formadora de opinião em determinado momento”, conta Claudia.
Já a personagem de Monica Iozzi, por ser uma assessora de imagem/empresária de blogueiras, deixa suas clientes brilharem, mas está sempre pronta. “O que a gente fez na Kim foi pegada mais alfaiataria, mas básica. Ela não tem muito rococó, nem enfeite, estampa, muito nada. Pense numa pessoa que está pronta para tomar um café na Oscar Freire de manhã, e com a mesma roupa pode ir num lançamento num shopping chique. Elegante de manhã, de tarde, de noite. Sempre pronta, meio atemporal. Ela não é o último grito, sabe tudo de moda, mas tem o estilo dela, descolado”, define Sabrina.
Já o núcleo dos moradores de rua da trama apresenta um conceito visual carregado de irreverência. O Eusébio (Marco Nanini) veste calças e camisas de pijamas no dia a dia. A Cornélia (Betty Faria) é mais assanhada, tem um pouco de crochê, estampa, tricô, legging, umas bijuterias de plástico, bem popular. E Chico (Tonico Pereira) vai ser o homem do nylon. “O figurino deles é bem engraçado. Essa família é trabalhada na sobreposição, na mistura de cores, estampas, texturas e camadas. Montá-los é como pintar um quadro com um desafio de deixá-lo harmonioso, bom de ver. Além deles, todos têm filhos que acompanham essa loucura, mas em um grau abaixo. Essa galera morava em um lugar de ocupação, então eles vão ganhando umas coisas, achando no lixo, e vão catando e usando”, explica Sabrina.
Tons e cortes que emolduram múltiplas personalidades
Todo o conceito da caracterização de ‘A Dona do Pedaço’ foi pensado e assinado por Sumaia Assis, Martín Macías Trujillo (prólogo e primeira fase) e Marcos Padilha (segunda fase). “O desafio é que vários dos nossos personagens estão no prólogo e nas duas fases seguintes. As mudanças foram pensadas para que, ao chegar em 2019, esses personagens tivessem uma aparência coerente”, explicou Martín, caracterizador mexicano com longa experiência em cinema.
A equipe então optou por utilizar uma moderna técnica de rejuvenescimento para os atores que atuam no prólogo e na primeira fase. “É o lifting, que consiste em esticar a pele, exatamente nos pontos onde o cirurgião plástico mexe. São adesivos que você cola na pele da pessoa e puxa. Segura na nuca, no meio do cabelo. Para o personagem que está nas três etapas, faço um trabalho de rejuvenescimento geral para o prólogo, depois, para a primeira fase, é só lateral, para já aparecer um pouquinho de peso de idade. E na segunda etapa, supostamente, vai ter uma mudança de acordo com a história desse personagem, alguns melhoram de vida”, revela Martín.
Além disso, nas duas primeiras etapas, a pele do elenco vai parecer um pouco mais morena. “São peles castigadas e com manchas nos homens, porque normalmente eles ficam muito expostos ao sol. E as crianças vão ter as pernas empoeiradas. Outros atores vão fazer intervenções minimalistas”, diz ele.
Martín utilizou na novela referências do seu trabalho no filme ‘Casa de Areia’, onde ele rejuvenesceu vários personagens e no qual Fernanda Montenegro e Fernanda Torres interpretaram várias gerações delas mesmas. “Usei essas fotos de referência para podermos programar nossos testes de rejuvenescimento. A principal preocupação aqui é que os personagens sejam visualmente naturalistas. Mesmo que tenham maquiagem, que seja mais natural. Esse é um cuidado porque isso vai marcar um pouco o contraste com a vida do personagem em São Paulo”, atesta ele.
Em alguns casos foram feitas mudanças de cabelo, de comprimento, corte e apliques nas fases iniciais. Dulce (Fernanda Montenegro), por exemplo, começa a novela com um aplique mais grisalho, e depois o cabelo aparece branco e com aplique. “Alguns cabelos não são naturais pela dificuldade do tom, como os cabelos brancos. Mas a gente tem umas fibras sintéticas hoje em dia com aparência natural”, explica.
Uma grande transformação no visual foi pensada para a Maria da Paz. Juliana Paes começa a novela com um aplique e tom de cabelo mais escuro, que muda quando ela enriquece. “O tom louro marca uma virada financeira na vida dela. Na primeira fase, é mulher batalhadora. Em 2019, já é uma Maria da Paz com dinheiro, mas sem um gosto refinado. Ela tem joias, usa o que acha que é top, com a maquiagem que ela acha que é boa, mistura tudo, muita cor, muito brilho, muito ouro”, explica Sumaia Assis.
Quem já chega na novela causando é Kim. A mudança no tom do cabelo da atriz fez toda a diferença para traduzir o espírito moderno que ela imprime quando aparece em cena. “O cabelo da Monica era virgem, acho que ficou incrível e totalmente diferente do que era. Começamos com um louro branco, mas depois puxamos para o louro platinado. Kim é uma mulher moderna, que dita para as outras as influencers, o que está no top de bonito, não tem medo de arriscar”, conceitua Sumaia.
Na contramão dessa paleta capilar dourada vem Vivi Guedes. Paolla Oliveira abandonou os fios louros e precisou pintar o cabelo de castanho, além de receber um aplique para alongar os fios. “A princípio, seria mais comprido e chapadão, mas optamos por não ter um movimento e não ser tão liso”, define.
"A Dona Do Pedaço" estreia dia 20 de maio, 21h, na TV Globo.